Maio Laranja: mês de conscientização ao abuso e exploração sexual!
O Dia 18 de maio é o Dia Nacional de combate ao abuso e exploração sexual, contra crianças e adolescentes, devido a essa data surgiu o Maio Laranja, um mês de movimento nacional de conscientização, quando são realizadas diversas ações para alertar a sociedade sobre a importância de proteger as crianças e adolescentes de todo tipo de violência sexual.
Conversamos com as conselheiras Patrícia da Silveira e Ana Júlia dos Santos de Vale do Sol, para falar um pouco sobre esse assunto que é fundamental para a sociedade.
No município de Vale do Sol as principais denúncias de abuso sexual, são praticadas contra crianças, dentro do próprio núcleo familiar, por parentes ou pessoas próximas. E a questão de namoros de meninas antes dos 14 anos, com homens adultos, às vezes com autorização das famílias, sem ter o conhecimento que isso também se qualifica como crime, onde por vezes, ocorrem as relações sexuais, sem ter a noção de que estão sendo coniventes com uma violência contra os próprios filhos.
“Ao receber uma denuncia de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes, precisamos agir com muito cuidado para não causar mais danos as vitimas, primeiramente procuramos os responsáveis ‘possíveis’ lembrando que as vezes o abuso vem de alguém muito próximo. Orientamos e auxiliamos a fazer um boletim de ocorrência, auxiliamos nas questões de logística para consultas médicas e exames se necessários, encaminhamos a vítima e os responsáveis, se necessário para acompanhamento psicológico e aplicamos todas as medidas de proteção pertinentes ao caso, presentes cabíveis no artigo 101 do ECA - Estatuto da criança e do adolescente”.
No ano de 2024 até abril de 2025 foram registrados em Vale do Sol nove casos de abuso e quatro de estupro. Sabemos que, infelizmente, muitos casos ainda não chegam até nós, e o número real pode ser maior. Por isso, é tão importante que as pessoas denunciem.
“Muitas vítimas sentem medo, vergonha ou culpa. Já as famílias, às vezes, se calam por dependerem financeiramente do agressor ou por medo de exposição. O silêncio é um dos maiores obstáculos, por isso trabalhamos com muito acolhimento e sigilo para garantir a proteção da vítima”.
Nós últimos anos devido a grande divulgação que está sendo feita, em todos os setores, principalmente no mês de Maio, devido à campanha Maio Laranja, vimos que o número de denúncias tem aumentado em nosso Município, vimos que a população está mais atenta aos sinais e comprometida com a proteção integral das nossas crianças e adolescentes. Porém sabemos que ainda precisamos evoluir muito, por isso que ações como essa são tão importantes. Cada vez que falamos sobre o assunto e conseguimos que uma vítima entenda o que está passando e peça ajuda de alguma forma, já é uma grande conquista.
Explicaram também que as crianças e os adolescentes devem ser orientados desde cedo, a confiar em adultos responsáveis; como professores, conselheiros, equipe de saúde ou alguém com quem tenham proximidade e confiança. É fundamental que saibam que o corpo é deles e que ninguém tem o direito de tocá-los sem consentimento. Qualquer situação que cause desconforto deve ser comunicada, sem medo de serem desacreditados. A escola tem um papel essencial nesse processo.
Crianças vítimas de abuso costumam apresentar sinais que, embora nem sempre sejam claros, merecem atenção. Entre os mais comuns estão mudanças repentinas de comportamento, como agressividade ou tristeza excessiva, isolamento, medo de certas pessoas, dificuldade para dormir, voltar a fazer xixi na cama, queda no rendimento escolar e atitudes ou falas com conotação sexual inadequadas para a idade. Esses sinais podem indicar que algo está errado. Por isso, é fundamental que pais, professores e toda a comunidade estejam atentos e saibam acolher, escutar e procurar ajuda. Denunciar pode salvar uma vida.
O que mais impacta a vida é o sentimento de abandono, de não ser acreditada e de julgamento. O acolhimento começa ao ouvir com respeito e agir com seriedade. A sociedade pode ajudar não julgando, apoiando a vítima com carinho, dando-lhe atenção respeitando o tempo dela. Muito importante é também ela ter um acompanhamento psicológico para conseguir superar o trauma e poder voltar a viver em sociedade normalmente.
As denúncias podem ser feitas diretamente no Conselho Tutelar, por telefone ou presencialmente. Também é possível ligar para o Disque 100, que é nacional e encaminha as denúncias para o órgão competente. É importante lembrar que a denúncia pode ser anônima, ou seja, quem denuncia não precisa se identificar. O mais importante é não se calar diante de qualquer suspeita. Proteger uma criança pode depender justamente dessa atitude.
“Como conselheiras, mães e cidadãs, deixamos como mensagem, que todos nós adultos, somos responsáveis por todas as crianças e adolescentes do nosso município, então quando suspeitamos que qualquer uma delas possa estar sendo vítima dessa ou qualquer outra forma de violência, não podemos nos calar, precisamos agir de maneira efetiva para resolver essa situação, quando se resolve, não fazer nada, não se meter, você está, mesmo que inconsciente sendo conivente com essa violência, esse abusador. E para ajudar, você nem precisa se identificar, basta uma ligação anônima para o conselho tutelar, porém com os dados necessários para podermos identificar a vítima”.
E por fim deixaram a mensagem: “para os responsáveis, gostaríamos de deixar a mensagem de que fiquem atentos aos seus filhos, os abusadores, não tem cara e estão em todos os lugares, inclusive na internet, muitas vezes pensamos que nossos filhos estão seguros dentro de casa, mas através da tela do celular, eles podem estar sendo covardemente violentados. Fiquem atentos aos conteúdos que seus filhos têm acesso e as pessoas com quem conversaram, conforme a sociedade vai evoluindo, infelizmente os perigos também aumentam”.
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